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Pedro Piegas/
Um apelo: vamos parar com a guerra política, com a guerra de classes, de apontar o dedo para os outros e buscar um diálogo franco para tentar amenizar essa grave crise da pandemia do coronavírus! Em um momento de forte pressão como esse, em que há grande temor pelas vidas, pelas empresas e pelos empregos, é natural que muitos irão perder a cabeça ou até errar. Mas vamos, na medida do possível, tentar compreender os outros, e não só querer acusar e vencer na marra. Está certo quem luta pela defesa das vidas e por conter o vírus, evitando o colapso do sistema de saúde e uma possível mortandade elevada. Também está certo o empresário que teme quebrar sua empresa e ficar endividado.
O trabalhador que tem medo de perder o emprego e ficar sem dinheiro para dar o que comer aos filhos tem sua razão. Os profissionais autônomos e até os trabalhadores informais, como catadores, muitos já na linha da miséria, estão certos também em ficar temerosos pela sobrevivência de suas famílias.
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É hora de união e de todos cederem um pouco para não perder tudo. Não é momento de colocar a culpa no empresário que só pensa em abrir a loja nem no funcionário que tem medo de ir trabalhar porque teme ficar doente e busca proteger sua família da doença. Também não é hora de os empresários quererem abrir suas lojas na marra.
Por parte dos especialistas da área de Medicina, também é preciso jogo de cintura e levar em conta os danos econômicos e a forma como as medidas são anunciadas. É fundamental que eles defendam o isolamento temporário para convencer a população, mas as mensagens que o Ministério da Saúde e alguns especialistas vinham passando deram a sensação de que o isolamento poderia durar meses, o que gerou pânico no empresariado e nos trabalhadores. Porém, os empresários precisam se dar conta também de que, se houver a abertura das empresas antes da hora, as consequências podem ser ainda mais graves, piorando muito o número de mortes e forçando novo isolamento total mais adiante. Isso é alertado por médicos infectologistas, que estudam anos e se baseiam em pesquisas científicas. O prefeito de Milão admitiu agora que a campanha Milão Não Para, lançada em 27 de fevereiro, quando havia só 12 mortes, foi um grande erro, pois alastrou a pandemia por lá. O resultado: 4 mil já morreram em Milão em apenas um mês, e foi preciso fechar tudo novamente, agravando também a crise econômica. Uma tragédia dupla!
Agora, infelizmente, sabemos o que é um clima de guerra!
Esse espírito de união e de calma deve partir, principalmente, dos governantes, em todas as esferas, a começar pelo presidente da República. Ele deveria agir como chefe de Estado e chamar médicos, economistas e especialistas de todas as áreas para uma mesa de conciliação - assim como estão fazendo alguns governadores e prefeitos, incluindo Jorge Pozzobom. A partir daí, explicar para a população que as medidas restritivas são necessárias, ao menos, por um tempo, mas dando sinais de que isso será afrouxado tão logo for possível, para evitar falências de empresas e cortes de empregos. Ao mesmo tempo, seguir anunciando novas medidas de apoio ao empresariado, aos trabalhadores e à economia.
Tudo isso, se feito com serenidade, vai amenizar o medo e gerar a confiança necessária para enfrentarmos essa pandemia com o menor dano possível - eles são inevitáveis, mas podem ser amenizados se agirmos com inteligência e tranquilidade. Só isso dará segurança à população. Mas Bolsonaro partiu para ataques, contrariou o próprio Ministério da Saúde e incentivou protestos pela abertura das empresas, gerando mais conflito e mais confusão.
Tomara que o presidente ainda tenha tempo de mudar sua postura, pelo bem do país - apesar de ser difícil acreditar nisso. Nesse momento extremo, precisamos tentar buscar a calma e raciocinar, não agindo só por impulsos e pelo medo.
Temos de lembrar sempre: estamos todos no mesmo barco e precisamos lutar para que ele não afunde. Mais do que nunca!